Megadeth toca Rust In Peace na íntegra no Brasil

Entrevista do Baixista do Megadeth, David Ellefson,  para o site UOL, falando sobre os vinte anos de lançamento do super álbum Rust In Peace e muito mais. Confira!

por Pedro Carvalho

Em sua sexta visita ao país, o Megadeth está longe de ser uma novidade para os fãs brasileiros do thrash metal. Desta vez, no entanto, a visita a São Paulo neste sábado (24), no Credicard Hall, é especial: como o baixista original Dave Ellefson de volta aos quadros, a banda está em turnê para comemorar as duas décadas do álbum "Rust In Peace".

Um dos grandes clássicos do gênero, o disco é marcado tanto pela sonoridade furiosa quanto pelas letras politizadas de Mustaine. "Nós nunca fizemos letras sobre sexo, drogas e rock and roll, e por este motivo temos em 2010 um álbum tão relevante como há 20 anos", diz Ellefson.

Formada em 1983 pelo polêmico vocalista e guitarrista Dave Mustaine, o Megadeth logo se tornou um dos quatro bastiões originais do thrash metal, junto com Anthrax, Slayer e Metallica, banda da qual Mustaine foi expulso. O intuito declarado de Mustaine era formar um grupo mais pesado e veloz do que o de James Hetfield e Lars Ulrich.

Em entrevista ao UOL Música, Ellefson falou sobre os 20 anos de "Rust In Peace", seu retorno à banda após oito anos e o relacionamento com Dave Mustaine, com quem brigou publicamente após sua saída. Segundo o baixista, "agora a amizade vem em primeiro lugar e por isso as músicas soam melhores".

UOL Música - Como tem sido a turnê até agora?
Dave Ellefson - Excelente, muito boa mesmo. Começamos na Cidade do México, um ótimo ponto de partida. Já começamos também pelo Brasil, em Recife, Brasília. Fazia tempo que eu não tocava no Brasil com o Megadeth, acho que desde 1998.

UOL Música - Vocês tocaram no Rock In Rio 2, em 1991, no Rio de Janeiro. O que você se lembra desse show?
Ellefson - Foi um evento muito legal. Era enorme, um acontecimento monumental. Foi o maior público para o qual eu já toquei na vida, 140 mil pessoas. Sempre me lembrarei do Brasil como um lugar especial. Além disso, foi o primeiro show do Megadeth na América do Sul, então o Brasil está sempre em primeiro lugar e foi uma honra termos sido convidados para um evento gigantesco e conhecido no mundo.

UOL Música - No Rock in Rio 2 vocês estavam fazendo a turnê do álbum "Rust In Peace" e agora estão fazendo isso novamente, em comemoração dos 20 anos do disco.
Ellefson - É verdade, que engraçado! É irônico como as coisas acontecem em ciclos de 20 anos. É interessante que 20 anos depois estejam rolando coisas comigo e com o Dave (Mustaine), aniversários de várias coisas nas nossas vidas, o aniversário do "Rust In Peace" e muitas coisas que vão além das coincidências.

UOL Música - Como o quê?
Ellefson - Parte da equipe que está conosco agora também estava naquela época, o roteiro da turnê é praticamente idêntico. Eu e o Dave estamos celebrando coisas importantes nos nossos casamentos e na nossa saúde. É bacana comemorar algo importante da nossa vida musical e profissional junto com tudo isso, dá uma idéia do quanto crescemos como pessoas.

UOL Música - Como você compara o "Rust In Peace" ao disco novo, "Endgame"?
Ellefson - O "Endgame" é bem diferente, acho que se parece mais com o "Countdown To Extinction". É muito pesado, tem riffs excelentes e é mais lento, dá um peso diferente. O "Rust In Peace" era muito nervoso e descontrolado, direto ao ponto, feroz e rápido. Isso representou bem a missão original do Dave, que era a de ser a banda mais veloz e furiosa de todos os tempos, e acho que nesse disco ele conseguiu isso.

UOL Música - Como está sendo ter os dois Daves juntos novamente na banda?
Ellefson - Muito legal! Dave e eu construimos uma amizade que não tínhamos antigamente porque a banda vinha em primeiro lugar. Agora a amizade vem primeiro a e as canções em segundo. E por causa disso elas soam muito melhor.

UOL Música - Como aconteceu a reunião?
Ellefson - Em janeiro eu estava falando com o (baterista) Shawn Drover numa convenção e o roadie do Dave me chamou para uma jam session com os dois ali mesmo, de improviso. Acabou não rolando, mas abriu as portas para começarmos a trabalhar juntos novamente. Então, em fevereiro eles me chamaram dizendo "você é o cara, nós vamos fazer a turnê do 'Rust In Peace' e é o momento perfeito para a banda se você quiser voltar". Falei com o Dave por telefone e em dois minutos o acordo estava fechado. Tocamos juntos no fim de semana seguinte e o som ficou fantástico. O legal é que não foi nada planejado e nem por motivos financeiros. Dave e eu podemos relaxar e nos divertir, diferente do que seria se nós dois estivéssemos desesperados.

UOL Música - Vocês tinham muitos problemas pessoais entre vocês que tiveram de ser resolvidos?
Ellefson - Não muitos. É muito legal como desenvolvemos esta amizade que não tínhamos antes. As pessoas pensam que caras de banda são sempre amigos, mas não é bem assim. Nos conhecemos muito jovens e, durante a carreira do Megadeth, houve mudanças de formação. Muita gente entrou na banda para substituir outros integrantes e eu diria que as melhores formações são a atual e a do "Rust in Peace", quando as coisas puderam ser feitas sem pressa e colocamos gente na banda com quem gostávamos de estar, com interesses semelhantes, que se pareciam com a gente no visual, na maneira de pensar e de tocar.

UOL Música - Vocês estão compondo juntos novamente?
Ellefson - Ainda não compusemos nada juntos. Temos uma música nova que será lançada em breve que já havia sido iniciada antes da minha volta. O Dave me pediu para fazer uma linha de baixo para ela para podermos tocá-la na turnê. Em Recife estávamos ouvindo umas faixas novas e vamos começar a mexer nelas em breve. Geralmente você entra numa banda, compõe, grava e só então sai em turnê. Fizemos o contrário desta vez, acertamos o relacionamento da banda na estrada e só depois vamos nos concentrar na parte criativa e fazer o próximo disco.

UOL Música - O "Rust In Peace" foi lançado há 20 anos e, além destas coincidências que você comentou, havia uma guerra no Iraque, assim como agora. Considerando que as letras do disco são muito politizadas, como você sente que elas se encaixam na situação atual?
Ellefson - Acho que essas letras são atemporais, porque tratam de questões recorrentes, que não acabam nunca. As letras do Megadeth nunca foram sobre sexo, drogas e rock and roll, e sim sobre coisas muito mais amplas do que as outras bandas estavam escrevendo na época. O legal disso é que nós temos um disco de 20 anos atrás cujas letras ainda são tão relevantes em 2010 quanto eram em 1990. As músicas do Megadeth são sobre as pessoas, e o ser humano não muda muito.

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